A INCRÍVEL HISTÓRIA DA FLOR QUE SE TRANSFORMOU EM...



Certa vez, li num livro que, há muitos milhares de anos, não havia vida animal na Terra, só vegetal, e que os animais surgiram das plantas, ou seja, algumas plantas evoluíram e se transformaram em minúsculos animais, que foram crescendo e ficando cada vez mais complexos, até se transformarem no que são hoje. Isso é mais ou menos o que chamam de teoria da evolução das espécies.
Mas há quem acredite que tudo surgiu como nós conhecemos hoje: o homem já apareceu na Terra como homem, os demais animais terrestres e aquáticos como são atualmente, assim como as aves, os insetos, as plantas, enfim, tudo o que torna a Terra a Terra que nós estamos acostumados a ver.
Existe, também, uma terceira idéia de mundo segundo a qual, em alguns casos, uma espécie de vida pode dar origem a outra, não sendo, entretanto, a primeira teoria. É a partir dessa terceira idéia que a nossa história se inicia.
Dentre as milhares de espécies de flores existentes no mundo, surgiu uma que, apesar de pequena e frágil, era de uma beleza sem igual. De suas pétalas surgiam diversas combinações de cores, como se um artista de grande talento estivesse a pintá-las, uma a uma, para dar mais vida ao planeta. Mas ela não estava espalhada por todo o planeta. Ela apenas crescia e florescia numa região montanhosa do que hoje conhecemos como México, chamada, também pelos homens de hoje, Michoacan.
E foi pensando em dar mais vida ao planeta Terra que esta flor, sabendo-se admirada tanto pelas demais plantas quanto pelos animais que vagavam pelo mundo de então, resolveu que deveria espalhar-se por toda parte que pudesse alcançar.
Mas como fazer para espalhar-se se não podia movimentar-se como os animais?
O vento tentava ajudá-la, levando sementes em sua jornada, mas a distância que as sementes eram lançadas ainda era pequena, comparada à imensidão da Terra.
Alguns pássaros, decididos a colaborar com a linda flor, levaram sementes para locais mais distantes, porém, outros pássaros não deixaram quase nenhuma semente germinar, pois se alimentaram delas.
Apesar de sua beleza encantadora, a pequena planta começou a ficar deprimida por estar presa a um espaço de terra tão pequeno. E, com sua tristeza, as flores foram rareando.
Novamente o vento, não suportando ver a mais bela flor do planeta tão entristecida, resolveu ajudá-la. Mas o que poderia fazer? Levar suas sementes, como fazia também com as outras plantas, não estava dando resultado com aquela. O que fazer?
Preocupado com a situação, o vento foi pensando, pensando e, à medida que pensava, ia ficando, sem o sentir, mais forte e mais forte e mais forte, até que um vendaval arrancou todas as belas flores do chão e elevou-as no ar.
A força do vento separou as flores das folhas. Estas, por serem mais pesadas devido, principalmente às raízes, aos quais estavam presas, foram lançadas longe, em vários pontos do planeta e, assim, se espalharam pelo mundo.
As flores, no entanto, soltas de suas amarras às plantas, leves e embaladas pelo vento que, aos poucos foi diminuindo, começaram a movimentar-se e suas extremidades ora iam para cima, ora para baixo, como o bater das asas das aves que a haviam ajudado outrora. E gostaram tanto de bater as pétalas, que estas foram se transformando em asas. As flores saíram pelo mundo, colorindo onde passavam.
Dessa forma, o pensamento do vento havia, sem querer, realizado o que a bela flor tanto queria. A ventania, além de espalhar a bela flor por vários lugares do mundo, criou uma outra espécie de vida: as plantas continuaram a crescer e a florir, sendo chamadas pelos homens de amor-perfeito; as flores que continuaram voando foram batizadas, também pelos homens, de borboletas.
Por essa razão, para lembrar às novas gerações que um dia elas haviam sido flores, as borboletas viajam uma vez por ano, próximo ao mês de outubro, para a pequena região de Michoacan, onde se encontram em grupo de cerca de meio bilhão, agradecendo ao vento que ainda sopra por lá pela nova vida que tiveram.
Os homens continuam apaixonados pelo amor-perfeito e se encantam com as borboletas multicores que voam pelos ares, mas nem desconfiam que ambas foram um dia uma só, mesmo ao verem uma borboleta pousada junto a um pé de amor-perfeito, confundindo-se entre as flores.

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